quarta-feira, 14 de junho de 2017

SEU CORPO - ESSA CASA ONDE VOCÊ MORA



Quem já foi meu aluno provavelmente conhece esse texto. Sou apaixonada pelo livro e recomendo muito a leitura. Tomara que ele possa te inspirar tanto quanto me inspira a me reconectar comigo mesma.

Com carinho, Rachel Coelho de Castro.

Seu corpo, essa casa onde você mora.
Neste instante, esteja você onde estiver, há uma casa com o seu nome.Você é o único proprietário, mas faz tempo que perdeu as chaves. Por isso, fica de fora, só vendo a fachada. Não chega a morar nela. Essa casa, teto que abriga suas mais recônditas e reprimidas lembranças, é o seu corpo.
"Se as paredes ouvissem...". Na casa que é o seu corpo, elas ouvem. As paredes que tudo ouviram e nada esqueceram são os músculos. Na rigidez, crispação, fraqueza e dores dos músculos das costas, pescoço, diafragma, coração e também do rosto e do sexo, está escrita toda a sua história, do nascimento até hoje.
Sem perceber, desde os primeiros meses de vida, você reagiu a pressões familiares, sociais e morais. "Ande assim! Não se mexa! Tire a mão daí! Fique quieto! Faça alguma coisa! Vá depressa! Onde você vai com tanta pressa...?" Atrapalhado, você dobrou-se como pôde. Para conformar-se, você se deformou. Seu corpo de verdade - harmonioso, dinâmico e feliz por natureza - foi sendo substituído por um corpo estranho que você aceita com dificuldade, que no fundo você rejeita.
É a vida, diz você; não há outa saída. Respondo-lhe que você pode fazer algo para mudar e que só você pode fazer isso. Não é tarde demais. Nunca é tarde demais. Nunca é tarde demais para liberar-se da programação de seu passado, para assumir o próprio corpo, para descobrir possibilidades até então inéditas.
Ser é nascer continuamente. Mas quantos deixam-se morrer pouco a pouco, enquanto vão se integrando perfeitamente às estruturas da vida contemporânea, até perderem a vida, pois que se perdem de vista?
Saúde, bem-estar, segurança, prazeres, deixamos tudo a cargo dos médicos, psiquiatras, arquitetos, políticos, patrões, maridos, mulheres, amantes, filhos,... Confiamos a responsabilidade de nossa vida, de nosso corpo, aos outros, por vezes aqueles que não desejam essa responsabilidade.
Quando renunciamos a autonomia, abdicamos de nossa soberania individual. Passamos a pertencer aos poderes, aos seres que nos recuperaram. Se reivindicamos tanto a liberdade é porque nos sentimos escravos; e os mais lúcidos reconhecem ser escravos-cúmplices. Mas como poderia ser de outro jeito, se não chegamos a ser donos nem de nossa primeira casa que é o corpo?
Você pode, no entanto, reencontrar as chaves do seu corpo, tomar posse dele, habitá-lo enfim e nele encontrar a vitalidade, saúde e autonomia que lhe são próprias.
Nosso corpo somos nós!
Em qualquer idade, você pode livrar-se das pressões que cercaram sua vida interior e seu comportamento corporal, conseguindo perceber o ser belo, bem feito, autêntico, que você deve ser.
Texto extraído do livro "O Corpo Tem Suas Razões" de Thérese Bertherat.
Um beijo, Rachel.

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